04/09/2020

Um breve roteiro para escolher candidatos. Por Emerson Monteiro

 



Emerson Monteiro

Advogado e escritor

 

Isso em qualquer tempo, conquanto resulta nas sérias transformações de que carecemos nessas horas difíceis. Foram séculos e séculos até chegar à urgente necessidade que se vive, não só no Brasil, mas no mundo todo. Criaram a  ciência da comunicação e os políticos viram nisso os novos meios de transmitir informações, resultando fase esquisita de domínio dos poderosos sobre a massa ignara, despreparada e sofredora. Verdadeiros gênios da maquinação de imagem influenciam multidões inteiras à procura de manter a dominação social, numa escravização das consciências. Daí a urgência de rever os conceitos do que seja o candidato ideal, pesando e medindo, revirando pelo avesso, mergulhando fundo nas consequências do que produzirá na sociedade pelos atos que praticar nos comandos.

O País atravessa um tempo de república corporativa. onde grupos de domínio detêm a hegemonia da sua história mantendo as populações desfavorecidas sob o tacão dos impostos e taxas, enquanto preservam seus privilégios de casta impenitente, sugadora e abastada.

Daí a gravíssima importância saber escolher bons líderes, honestos, trabalhadores, fieis aos princípios da real democracia, do espírito público, o que vem sendo raro, raríssimo, nos dias dagora, enquanto a ação político-partidária virou trampolim de carreira profissional, triste verdade que rasga os olhos até dos menos esclarecidos. Comprar e vender votos, eita mercado pecaminoso que clama a justiça dos Céus. Porém, qual disse Nélson Rodrigues: Toda nudez será castigada. Quem achar que uma chuveirada lavaria tudo terá dolorosa frustração no correr dos seguimentos imortais.

Ninguém melhor do que Bertolt Brecht, célebre poeta alemão, que viveu as contradições dolorosas das Grandes Guerras na Europa, poderia definir mais claramente o que seja o mercado negro dos votos, no poema O analfabeto político, a saber:

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos

acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da

farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor

abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e

lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Eis, pois, aqui esta pequena contribuição ao cidadão às vésperas de novo turno eleitoral, porta dos próximos quatro anos em cada município brasileiro.

 

 Material publicado no jornal Leia Sempre edição nº 23 desta sexta-feira, 4/9!!