Emerson Monteiro
Advogado e escritor
Isso em qualquer tempo, conquanto resulta nas
sérias transformações de que carecemos nessas horas difíceis. Foram séculos e
séculos até chegar à urgente necessidade que se vive, não só no Brasil, mas no
mundo todo. Criaram a ciência da
comunicação e os políticos viram nisso os novos meios de transmitir
informações, resultando fase esquisita de domínio dos poderosos sobre a massa
ignara, despreparada e sofredora. Verdadeiros gênios da maquinação de imagem
influenciam multidões inteiras à procura de manter a dominação social, numa
escravização das consciências. Daí a urgência de rever os conceitos do que seja
o candidato ideal, pesando e medindo, revirando pelo avesso, mergulhando fundo
nas consequências do que produzirá na sociedade pelos atos que praticar nos
comandos.
O País atravessa um tempo de república
corporativa. onde grupos de domínio detêm a hegemonia da sua história mantendo
as populações desfavorecidas sob o tacão dos impostos e taxas, enquanto
preservam seus privilégios de casta impenitente, sugadora e abastada.
Daí a gravíssima importância saber escolher
bons líderes, honestos, trabalhadores, fieis aos princípios da real democracia,
do espírito público, o que vem sendo raro, raríssimo, nos dias dagora, enquanto
a ação político-partidária virou trampolim de carreira profissional, triste
verdade que rasga os olhos até dos menos esclarecidos. Comprar e vender votos,
eita mercado pecaminoso que clama a justiça dos Céus. Porém, qual disse Nélson Rodrigues:
Toda nudez será castigada. Quem achar que uma chuveirada lavaria tudo terá
dolorosa frustração no correr dos seguimentos imortais.
Ninguém melhor do que Bertolt Brecht, célebre
poeta alemão, que viveu as contradições dolorosas das Grandes Guerras na
Europa, poderia definir mais claramente o que seja o mercado negro dos votos,
no poema O analfabeto político, a saber:
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele
não ouve, não fala, nem participa dos
acontecimentos políticos. Ele não sabe que o
custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da
farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se
orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância
política, nasce a prostituta, o menor
abandonado, e o pior de todos os bandidos, que
é o político vigarista, pilantra, corrupto e
lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Eis, pois, aqui esta pequena contribuição ao
cidadão às vésperas de novo turno eleitoral, porta dos próximos quatro anos em
cada município brasileiro.