Por Tarso Araújo, editor do Leia Sempre
O futebol perdeu esta semana um de seus maiores
gênios, um de seus ídolos. Diego Armando Maradona, um argentino de estatura
baixa e vindo de família pobre, que passou poucas e boas na vida, conseguiu
terminar sua vida relativamente cedo como um homem alegre, rico, feliz e ídolo
mundial do futebol.
Sua partida deixa uma lacuna e imensa tristeza.
Durante um bom tempo foi usuário de droga, fez tratamento para se recuperar, e
ao final, uma parada cardíaca nos levou Dom Diego.
Quem gosta de futebol não pode não reconhecer o
gênio de Maradona, mas um jogo me veio à mente quando via as imagens do velório
desse grande ser humano, em Buenos Aires.
O jogo da Argentina contra a Itália nas semifinais
da Copa de 1990. Sei que muitos falam de
Maradona na Copa de 1986, que ele levou a Argentina nas costas, fez um dos um
dos gols mais bonitos da história, mas aquele jogo de 1990 foi marcante.
Assisti numa cantina perto de onde eu trabalhava
naquele início de anos 90 já no desgoverno Collor de Melo. Sentei na mesa e
fiquei olhando e esperando uma vitória da Itália que vinha muito bem naquela
Copa. Não podemos esquecer que Salvatore
Schillaci estava jogando um bolão e foi escolhido o melhor da competição.
A Itália entrou como anfitriã e favorita mas parou
nos lances secos de uma Argentina bem armada e bem composta em campo. Maradona,
podemos observar jogou um pouco mais recuado e armou diversas jogadas perigosas
para a Argentina.
Ao final os argentinos levaram a melhor nos
pênaltis após uma prorrogação cansativa, e o esquadrão comandado mais uma vez
por Maradona foi à final com a rival Alemanha. Final repetida depois em 2014,
no Brasil. Com duas vitórias para a Alemanha. Em 1986 o time de Maradona derrotou
a mesma Alemanha.
No jogo, notei Maradona tocando curto, segurando
contra ataques e lançando nos pés de Caniggia. Aliás, no segundo tempo o jogo
já empatado Caniggia perdeu um gol feito após belo lançamento de Maradona.
Poderia ter resolvido o jogo, mas não foi naquele lance.
O número 10 da Argentina jogou tranquilo e mais ali
no meio-campo. Lembro que ele diversas vezes sofreu falta em seu campo e quando
era cercado dava dribles curtos que aprecia estar jogando futebol de salão.
Não esqueci aquele jogo emocionante que calou todos
no estádio de Nápolis. A torcida italiana realmente não acreditava que estava
sendo eliminada em seus domínios.
Mas também não podemos esquecer todo o legado de
Diego Maradona. Sua voz firme contra a ditadura militar de seu País, a voz
firma mais ainda contra as injustiças sociais. Homem que soube se posicionar
politicamente e ao lado dos trabalhadores, como poucos jogadores fazem hoje em
dia.
Diego Armando Maradona se colocou contra os
grilhões da indústria do esporte, brigou com cartolas, se colocou contra
regimes ditatórias. Era canhoto no campo e na vida, um político de esquerda que
era amigo de Chávez, Fidel Castro e aderiu ao Lula Livre com a maior
naturalidade.
Seus feitos em campo foram monumentais, não chegam
aos de Pelé, óbvio, mas é com certeza um dos nomes fundamentais do futebol de
todos os tempos.