Emerson Monteiro
Advogado e escritor
Invólucros de matéria presos a mundo solto no espaço, bem
isto que o somos, aventureiros do destino de olhos fixos nas visões imediatas.
Durante o movimento dos objetos e das horas, vagamos pelas estradas e ruas,
atores dos dramas/comédias em que nunca cessaremos de perguntar pelo autor, em que mundo, em que estrelas Tu te
escondes, embuçado nos céus. Claro que há mérito inigualável de ser assim;
lógico que existe razão principal de tudo isto acontecer, porquanto a Verdade
independe das nossas opiniões e somos quase um nada a querer compreender tudo
toda hora.
Bem que se sabe o quanto de mistérios e segredos compõe os
quadros deste mundo rústico e as sociedades humanas. Valores indefinidos pela
busca constante de liberdade, em meio às licenciosidades do egoísmo que, até
agora, caracteriza as ações da espécie. No pretexto de sobreviver aos desafios,
fulanos e sicranos rompem as fronteiras da fraternidade e viram só feras em
conflito nas florestas da riqueza.
E o que observar se não a sede do poder a qualquer custo,
bem característica dos turnos eleitorais. Disputas acirradas em meio a
promessas vãs, absurdas, e tendência à divisão de grupos e à fome descabida nos
bolsões da população marginalizada. Quem líder de quem? Mesmo porque ainda
somos pequenos de nossas grandezas. Romper a barreira da mediocridade nem
interessa a quem quer que seja; apenas gana e fastio, pretensão e submissão
forçada aos falsos mitos dos turnos eleitorais.
Quer-se que seja doutro jeito, e eu também. Alimentar o
sonho de outro universo em que valha mais o ser do que o ter; a divisão ser
submetida ao direito das coletividades. Porém o anseio das revoluções justas
baila distante nos livros, nas doutrinas sagradas, nos véus da natureza Mãe.
Enquanto os grupos montam seus esquemas nos escuros da madrugada, outros resistem
heroicos a mais um tempo de crer na certeza de quando, afinal, viveremos dias
de Paz e Trabalho, nas luzes da promissão.