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02/10/2020

O mal-estar da civilização na atualidade. Por Emerson Monteiro



Emerson Monteiro

Advogado e escritor

Ainda que diante de todo o progresso das ciências e das conquistas tecnológicas obtidas no decorrer dos milênios, das inovações dos sistemas econômicos, dos tantos meios de comunicação desenvolvidos, a civilização persiste a defrontar de modo apenas insuficiente as mazelas da insatisfação e os dramas das fraquezas humanas. A sociedade e suas relações apresentam deficiências crônicas de caráter coletivo as quais ferem de morte valores morais e o bem estar dos cidadãos no que diz respeito ao gosto de viver bem. E nisso, das ricas nações às inferiores na riqueza, o nível de saúde mental das populações deixe a desejar em termos de satisfação e esperança.

Neste tempo de guerras sucessivas e aflições pessoais dos indivíduos a braços com a insegurança, os problemas diversos da educação, da distribuição de renda, dos métodos de justiça, da paz social, ficam abaixo da linha de bem estar nas avaliações de ordem da normalidade e pedem urgentes respostas. A curva da saúde existencial, portanto, permanece flutuante e, sobretudo, demonstra as inseguranças e angústias, desespero e sofrimento de toda a raça em xeque.

A luta constante do homem consigo próprio identifica, pois, o conceito de Sigmund Freud nos estudos da neurose coletiva dos povos desde que o mundo é mundo. São inúmeros os momentos de considerações em que se possam diagnosticar crises morais, éticas e conflitos nunca solucionados, demonstrando assim os indícios das mazelas sob pontos de vista de uma paz do gênero humano ausente e deficitária.

As lutas sociais por sua vez, que esperavam servir de lição ao futuro, parecem demonstrar as limitações da espécie no sentido de obter as respostas às experiências anteriores, quais delinquentes nunca refeitos dos velhos erros já tão acumulados nas raias da história.

Enquanto isto, no que representa a boa-fé dos líderes bem intencionados e a coragem cívica dos raros grupos autênticos, há que admitir vitórias parciais no âmbito dos tratos da psique desta humanidade. E jamais desistir face aos obstáculos naturais e os impasses resistentes deparados, porquanto, mesmo que distantes sejam os instrumentos da cura, o valor da pesquisa e os frutos da iniciativa possuem seus méritos e resultados, a lembrar de que todo caminho sempre requer os primeiros passos, na sequência das difíceis expedições e das longas viagens.

 (imagem: Quadro de Lesley Oldaker, “Crossing Paths” (2014).)


 
Material publicado na edição desta sexta-feira, 2 de outubro de 2020 da edição  27 do jornal Leia Sempre on line.