O drama da Cinemateca Brasileira, que passa por um processo de desmonte, pelo governo de Jair Bolsonaro se aprofunda. De ontem (13) para hoje, foram anunciadas as
demissões do pessoal técnico da instituição. São mais de 100 anos de história
do maior acervo audiovisual da América Latina (mais de 250 mil rolos de filmes)
em risco.
Na última sexta-feira (7), a Secretaria
Especial de Cultura, sob chefia de Mario Frias, tomou as chaves da Cinemateca, numa ostensiva operação que teve até homens fortemente armados da
Polícia Federal. A intervenção veio após abandono de mais de seis meses da
instituição. Neste período, o governo federal rompeu o contrato com a Fundação
Roquette Pinto (Acerp), mantenedora da Cinemateca, de forma unilateral, e
cessou os repasses para a continuidade dos trabalhos.
O abandono coloca o acervo cultural em
grande risco, já que boa parte do material armazenado é composto de nitrato,
uma substância que pode entrar em combustão espontânea, sem os devidos
cuidados. Por sua vez, os cuidados são feitos por mão de obra altamente
especializada. Sem corpo técnico capacitado, toda a memória nacional ali
guardada pode desaparecer.
“A Cinemateca é a principal instituição
de preservação da memória do cinema brasileiro. Todos os 41 funcionários foram
demitidos! São técnicos altamente especializados em preservação que trabalhavam
lá há décadas. Bolsonaro quer um país sem memória, sem cultura, sem educação”,
denunciou a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA).
O secretário de Cultura do estado de São
Paulo, Sérgio Sá Leitão, lamenta a situação da Cinemateca. “O que está
acontecendo é um crime contra a cultura do país. O governo federal deixou de
cumprir com seu dever constitucional. E não aceita ajuda da Prefeitura e do
Estado de São Paulo. Um acervo de grande relevância encontra-se em risco.
Tragédia à vista!”, disse.
De fato, prefeitura e estado tentaram interver para ajudar a Cinemateca. Doações chegaram a ser feitas com a intenção de manter os serviços básicos, como a brigada de incêndio e grupo de segurança, sem condições de operar após a falta de pagamento.
(Rede Brasil Atual)
Material publicado na
edição n° 24 desta sexta-feira, 11/9, do jornal Leia Sempre