Emerson Monteiro
Advogado e escritor
Esse raciocínio vem daquele gesto insano de uns quererem
julgar ou outros, ou de ser injusto consigo próprio. Da atitude leviana de
jogar lama naqueles que desconsideram. De perder a paz ao esquecer o valor de
uma consciência limpa.
Antes de quaisquer avaliações filosóficas, lembrar de que
nada ou quase nada já se saber do poder que nos deu origem, da fonte
maravilhosa que nos trouxe até aqui nesse movimento incessante de viver. E
andamos nos astros a pisar, quais na música, distraídos, feitos feras
indomadas. Caminhamos nas estrelas do Infinito quando ainda nem almas sabemos
ser, no entanto agindo sem cessar graças à exatidão matemática do equipamento
biológico que somos.
Daí, graças a tudo que possuímos ao nascer, valemos tanto e
tão pouco. Trabalhamos os dias nas nossas ações feitos aprendizes de nós
mesmos, por vezes até sendo incompatíveis diante do tanto da perfeição que
movimentamos, porém esse poder de extrema perfeição que o somos nem sempre vimos
de merecer o suficiente o quanto temos condições de produzir.
Jogados, pois, num tabuleiro de liberdade sem fim, agimos
ao sabor da nossa vontade e traçamos planos e metas na viagem cósmica dos dias
sucessivos. Parar e admitir que estejamos em processo evolutivo quase nunca
significa grande coisa às mãos desses anjos de metal em que nos transformamos
ao sabor das contradições humanas.
Fica evidente, contudo, que há nítido significado nesse
mecanismo de viver, de elaborar a herança que viemos buscar. Longe maiores
esforços, qualquer um há que admitir a importância de ocupar corpos tão
refinados e possuir a chance de conduzir o barco individual aos mares abertos
de sabedoria, criatividade e progresso. É nisso que implica o valor da
existência pessoal, conquanto não somos, pois, apenas meros joguetes nas ondas
dos céus
Persiste imensa responsabilidade no investimento da
Natureza que carregamos conosco e haveremos de responder com exatidão pelo
destino do que realizemos ou deixemos de realizar.