Por Tarso Araújo I Editor do blog Leia Sempre
O quadro político na Região do Cariri não pode ser avaliado
como um todo já que em cada cidade temos um quadro bem diferente, o que
dificulta a análise em primeira instância. Deixando claro, portanto, que ao
analisarmos a Região do Cariri e as movimentações políticas deste cenário pré-eleitoral
necessário se faz apurar um quadro geral, no todo, e em seguida analisar cada
cidade.
Esse texto se propõe a uma análise geral e de Juazeiro do
Norte.
Em breve analisaremos cidade por cidade.
No geral, o quadro político na Região do Cariri aponta para
uma indefinição. A ausência de pesquisas nesse período pré-eleitoral e a
pandemia, além do natural silêncio da sociedade, deixa muitas dúvidas no ar. Os
eleitores estão calados. Poucas manifestações, e, as que acontecem são nas
redes sociais geralmente e por grupos organizados. Ninguém deve mais cair nessa
história de posts de fake News espalhados por gente cínica, como se fosse uma
manifestação de um tal eleitor isolado, honesto, gente simples do povo. Nada
disso.
A Região do Cariri no âmbito eleitoral é uma verdadeira
colcha de retalhos. As representações partidárias são amplas e por isso, não há
muita facilidades em unir os campos políticos. A base aliada de Camilo está dividida
e assim continuará nas eleições municipais deste ano. Será difícil, aliás,
impossível, dependendo da cidade, unir os partidos que já se jogam na disputam
muitos já definiram nomes, estratégias, aliados e voltar atrás para construir unidades
seria bem difícil.
Outro elemento do atual momento é a dificuldade na articulação
dos partidos. Em Juazeiro do Norte, por exemplo, enquanto o prefeito Arnon Bezerra
(PTB) fecha seus apoios sem muitos alardes, a oposição se fragmenta. A oposição
não é homogênea e deve sair com várias candidaturas. As esquerdas, pelo menos
um setor dela, ainda procura ampliar um arco de alianças com setores fora da
esquerda com o argumento de que o bolsonarismo está com certa força e para minar
essa força propõe aliança tipo, PT, PC do B, PSB, PDT e outras legendas que não
o bolsonarismo e contra a reeleição de Arnon.
Ao mesmo tempo, Arnon Bezerra tem uma aliança implícita,
com o governador Camilo Santana e com os Ferreira Gomes. Ambos estão fechados
com o atual prefeito de Juazeiro do
Norte. Falta, para Arnon fechar sua reeleição buscando apoios no PT, PC do B,
PSB e PDT fechando assim uma unidade mais progressista. Seria um fortalecimento
de seu palanque.
Mas há quem diga que isso seja impossível. Para o analista
o que falta é Arnon ter um nome que possa unir todos esses campos, uma pessoa
que articule e negocie. Ao mesmo tempo,
Arnon teria que mudar um pouco sua postura, pois muitos desses partidos
sinalizam as dificuldades em conversar com o atual prefeito.
Preferimos dizer que numa eleição tudo pode acontecer.
Ainda em Juazeiro do Norte é bom lembrar os nomes ainda de
Ana Paula (PSB), Gilmar Bender (PDT) e Gledson Bezerra (Podemos), este último mais
próximo dos setores mais à direita do que os dois primeiros que mantém ainda
diálogos com setores das esquerdas como PC do B e PT. Bom lembrar ainda que Bender tem referência
e apoio do PDT em André Figueredo, um adversário do bolsonarismo na Câmara dos Deputados e Ana Paula tem
referência em Eudoro Santana, pai de Camilo, ardoroso opositor da ditadura, um
político progressista e que comanda
agora o PSB no Ceará.
E corre por fora a pré-candidatura do vice-prefeito Giovani
Sampaio (PSD) que ninguém sabe se sairá mesmo candidato a prefeito ou se na
última hora desiste. Geovani se quiser ter futuro político em Juazeiro do Norte
tem que encarar o desafio e ser mesmo um candidato.
PC do B e PT mantém suas pré-candidaturas. Aurélio Matias
(PC do B) e Gabriel Santana (PT) fazem articulações, lives, articulam, mas
ainda não bateram martelo em nenhuma articulação política, pois pouco coisa
está definida em Juazeiro do Norte.
O PSOL vai mais uma vez sair com Demontieux Fernandes e
deve sair sozinho, pois dificilmente PT e PC do B topam um acordo com o PSOL,
que deve assumir nessa campanha o papel de partido mais à esquerda mesmo, e
para isso, deve buscar apoios e se articular com os setores mais mobilizados da
sociedade, mais progressistas que existem e foram meio que deixados de lado por
setores da esquerda histórica. O PSOL pode e deve abraçar esses movimentos como
já vem tentando fazer. Nos últimos dias se reuniu com o UP, um novo partido
político de esquerda formado por jovens lideranças dos movimentos socais. Uma novidade
em que partidos como o PT pouco tem acesso.
Nos bastidores muitos apostam no crescimento da pré-candidatura de Gledson Bezerra, mas a dificuldade de Gledson está em se aproximar de várias legendas. O vereador deve viabilizar seu nome, mas terá um palanque com poucas legendas e não sabemos como ficará seu tempo na TV e rádio ,que podem ser importantes na disputa. Se Gledson ampliar o palanque cresce na disputa.
Arnon Bezerra deve continuar a manter seu comportamento atual. Faz tudo calado, com muita calma e meticulosamente. Aguarda mais a movimentação dos adversários do que preferir agir sem um plano definido. A pandemia o revelou um prefeito mais ágil, não mediu esforços para agir. Mesmo recebendo críticas dos adversários está bem avaliado no momento atual.
As esquerdas chamadas tradicionais devem marchar nesses últimos dias para uma definição. PT e PC do B sempre saíram juntos e podem repetir a dose, mas muitos dirigentes desses partidos preferem alimentar um certo distanciamento entre as duas legendas. De consensual nos dois partidos, ampliar o arco de alianças contra o bolsonarismo.
O vice-prefeito Geovani Sampaio terá que se definir. Se sairá ou não candidato.
PSOL manterá sua pré-candidatura até o fim e deve se aliar a os movimentos sociais deixados de lado pela esquerda mais tradicional.
E a Rede fez um ensaio recente com o nome da médica Andrea Landim, mas devemos esperar um pouco para ver as primeiras movimentações.
Uma fato parece mesmo ser evidente: não há uma liderança política em Juazeiro do Norte, nesse quadro, que unifique setores mais numerosos. Parece mais certo que essa pulverização deve ser o quadro eleitoral tão logo as convenções homologuem as candidaturas.
No geral, como dissemos, o quadro ainda é de indefinições, mas alguns rumos parecem óbvios ao serem tomados.