23/08/2020

Incertezas nas articulações políticas em Fortaleza.

 

Matéria publicada no jornal Diário do Nordeste (abaixo) neste domingo, revela um pouco do quadro de incertezas políticas a partidárias na cidade de Fortaleza. Na nossa capital, assim como na Região do Cariri, as incertezas são muitas. A base aliada do governador Camilo Santana (PT) está fragmentada e muitas dúvidas ainda pairam no ar e no mar das articulações políticas no Ceará.

Leia texto do DN:

Por conta da indefinição de partidos fortes, cujo capital político é central na formação das chapas eleitorais, o momento que antecede as convenções partidárias se divide em dois. Por um lado, é marcado pela fragmentação de candidaturas anunciadas até aqui e, por outro, um clima de incerteza que deve se manter até meados de setembro, quando se aproximar o fim do prazo para apresentar candidaturas.

Até lá estarão em jogo a formação de alianças de olho no tempo de propaganda eleitoral no rádio e TV, recursos do fundo eleitoral e avaliação das chances de cada um de eleger uma boa bancada na Câmara Municipal.

A chapa proporcional, aliás, tem sido um dos fatores a gerar essa indecisão sobre as campanhas majoritárias. Sem possibilidade de coligação, ter um candidato a prefeito potencializa as chances de a legenda fazer uma melhor bancada. Enquanto isso, as legendas se movimentam, às vésperas do início das convenções.

Base aliada

Na base governista por exemplo são, pelo menos, quatro pré-candidaturas que se pretendem interdependentes, ou seja, as definições de uma influencia nas outras. Além do lançamento de pré-candidatos no PSB, Cidadania e PCdoB, o partido do prefeito Roberto Cláudio, o PDT, lançou uma lista com cinco nomes que podem encabeçar a chapa. A ideia é buscar unidade.

"A intenção é que não sejam candidaturas isoladas", explica o presidente estadual do PDT, André Figueiredo. Ferruccio Feitosa, Idilvan Alencar, José Sarto, Salmito Filho e Samuel Dias são os pré-candidatos.

Mesmo sem data para a tomada de decisão, Figueiredo explica que "a definição do candidato do PDT não significa que será o candidato da coligação". O diálogo com os partidos da base pode resultar, inclusive, em uma chapa encabeçada por um filiado a outro partido que não o PDT.

"Eu não sendo o escolhido, vamos apoiar a candidatura escolhida (pela base aliada)", garante o pré-candidato pelo Cidadania, Alexandre Pereira. Ainda sem data, a convenção partidária deve ocorrer junto com a do PDT.

Ex-secretário da Casa Civil do Estado, Élcio Batista reforça a máxima que deixa pendente a definição do seu partido, o PSB: "uma candidatura que possa reunir o máximo de partidos". No momento, o que está sendo discutido é o projeto para a Cidade, diz ele. Nada de debate de definição da composição da chapa.

PSDB e DEM

Partido do atual vice-prefeito, Moroni Torgan, o DEM fechou aliança com o PSDB. A união entre as duas legendas, não significa definição eleitoral. Eles devem permanecer juntos seja para confirmar a pré-candidatura de Carlos Matos ou então para apoiar outro pré-candidato. O impasse da dupla é um dos movimentos mais aguardados no cenário pré-eleitoral.

Os diálogos dos dois partidos incluem desde o PDT até o Pros, no qual o pré-candidato é o deputado federal Capitão Wagner. Presidente estadual do PSDB, Luiz Pontes afirma que há preferência pela candidatura própria, mas nenhuma possibilidade é descartada.

"É forte em qualquer negociação. Não vai um, vão os dois", sustenta. A data da convenção ainda não foi marcada, mas as articulações estão "afunilando".

MDB

Outra sigla que ainda não decidiu o posicionamento na disputa eleitoral da Capital e cujo desfecho terá certo peso no cenário é o MDB. Comandada pelo ex-senador Eunício Oliveira, a legenda é uma das que conta com maior tempo de TV e recursos do Fundo Eleitoral.

Internamente, diversos segmentos querem candidatura própria, explica o presidente municipal do partido, Walter Cavalcante. "Mas ainda não tem a definição de um nome", relata. O apoio à candidatura de outros partidos não está descartada, entretanto. Como não poderia ser diferente, o partido tem mantido diálogos com siglas de diferentes ideologias, indo do PT ao PSL.

Pros

Um dos primeiros a lançar a pré-candidatura, Capitão Wagner (Pros) conta com arco de alianças formado por, pelo menos, oito partidos. Contudo, o deputado federal continua dialogando em busca de um aliado robusto para turbinar a chapa. Ele tem diálogo com DEM, PSDB, MDB e o próprio PSL.

Segundo Wagner, as legendas prometeram resposta ainda nesta semana. "Alguns, por exemplo, têm o posicionamento favorável (a apoiar a candidatura do Pros), mas querem o posto de vice",o que deve ocorrer logo.

Na disputa da Capital, o PSL pode ser um aliado valioso com um tempo de TV considerável e uma verba elevada do Fundo Eleitoral. Apesar das conversas com o Pros, o pré-candidato da legenda à Prefeitura de Fortaleza, Heitor Freire, afirma que a tendência é de confirmação da candidatura própria na convenção.

"É uma vontade dos filiados do partido e também da executiva nacional", explica. Entre os partidos com quem tem conversado estão o Patriota, o PRTB e o MDB.

Partido Verde

A fragmentação de candidaturas vista durante a pré-campanha pode ser confirmada após as convenções partidárias. Presidente municipal do PV, o deputado federal Célio Studart aponta que a legenda deve sair com uma chapa pura para a disputa em Fortaleza.

Nome colocado como pré-candidato, ele vem conversando com outros partidos. "Mas não vejo alianças partidárias como determinantes para essas eleições. A população está cansada desses acordos partidários", afirma.

PT

Presidente do diretório municipal do PT, Guilherme Sampaio explica que a tese de candidatura própria, tendo à frente a deputada federal Luizianne Lins, está consolidada. As conversas com outras legendas prosseguem, mas existe tendência de alianças apenas com partidos de esquerda, como o Psol e o PCdoB.

Ele admite que existem interlocuções entre petistas e partidos não necessariamente vinculados à esquerda. "A própria deputada Luizianne se colocou muito aberta para se reunir e conversar com todos os partidos", relata.

Pré-candidato pelo Psol, Renato Roseno também aponta para confirmação da candidatura na convenção partidária - que deve ocorrer na primeira semana de setembro. Aliança para o primeiro turno deve ocorrer apenas com o PCB. Para o deputado estadual é preciso oferecer alternativas. "É construir novas possibilidades. Não é bom uma eleição onde a sociedade sequer possa se posicionar sobre as novas possibilidades".