Cledimilson como e porque você entrou na
política?
Obrigado pela oportunidade. Primeiro dizer que
fazer jornalismo bem feito é assim dando espaço para as mais diversas opiniões
procurando conhecer as pessoas que estão no processo político. As pessoas não
sabem, mas tenho parentes em Fortaleza, sou da família Arruda, meu pai era o policial
José Arruda Pinheiro. Lembro que em 1962 estava em Fortaleza visitando os
parentes dele, pessoas das forças militares. Na verdade, minha origem é também
interiorana, minha mãe é do interior com 7 irmãos e ela nos criou sozinha. Até
que nos anos 70 vim para Juazeiro do Norte, trabalhando em todo tipo de serviço
até que consegui trabalhar em construção, e depois arrumei emprego na Bopil.
Com o tempo a gente foi fazendo amizade, conversando sobre as coisas e fui
encarregado de turma na fábrica, tomei conta de uma fábrica menor. Comecei na
política quando comecei a participar de reuniões nas casas dos amigos, e ouvi
um discurso que determinada pessoa que eu achava importante não tinha muita
força política. Na hora eu pensei se essa pessoa não tem força imagine nós
trabalhadores. E vi que o capital não representa a classe trabalhadora. Entrei
na política para representar os trabalhadores, classe sofrida que vive sendo
humilhada. Fui candidato algumas vezes a vereador, perdi algumas, venci uma
vez. E estamos ainda na luta para representar no parlamento de Juazeiro os
trabalhadores da nossa cidade.
O que significa o movimento sindical para você?
O trabalhador tem que entender que ele sozinho
jamais vai conseguir nada e o movimento sindical deve conduzido por
trabalhadores de origem. Ter cuidado
pois muita gente já criou sindicato sem trabalhar em nada. É difícil fazer
sindicalismo num país onde o capitalismo e os patrões tem todo o direito de
falar o que quiser e a mídia ajuda a implantar esse discurso contra os
trabalhadores e os sindicatos que pega
nas pessoas e os sindicatos muitas vezes
não são escutados. Era bom também que os
trabalhadores fossem mais solidários e participassem mais da vida sindical.
Com as reformas trabalhista e previdenciária
você acredita em ganhos dos trabalhadores brasileiros?
Isso é um grande engodo. As duas reformas
vieram para tirar direitos. Mostra que os governos eleitos ou montados pelos
capitalistas vêm para tirar os direitos de todos os trabalhadores. Os
sindicatos estão com pires na mão, perderam força e isso deixa os trabalhadores
sem força também. Os trabalhadores pagaram para ver, acreditaram em todo tipo
de político e agora estão pagando caro com a perda de seus direitos. Muitos
empresários não pagam bem aos trabalhadores e sindicatos com as mãos atadas. O
movimento sindical não acabou, vai superar, mas a luta ainda será grande. Essas
reformas são perversas, e a reforma previdenciária acabou com o tempo de
contribuição e a coisa vai ficar muito pior para trabalhador. Ou a gente reage ou a situação será pior.
Qual sua opinião sobre o papel do movimento
sindical na atualidade?
O papel sempre foi e será importante na defesa
do trabalhador. O problema agora é que os sindicatos estão com problemas, de
mãos atadas, os trabalhadores hoje estão com dificuldades. O sindicato é eleito
e dirigido por trabalhadores, a categoria escolhe quem quer, tem divergência,
mas o sindicato é nosso. A força dos trabalhadores é a força do sindicato. O
momento atual o importante é lutar pela recuperação do que o trabalhador perdeu
e pela retomada da força dos sindicatos.
Como você avalia o governo de Bolsonaro?
Acho que Bolsonaro encontrou muitos adeptos,
conseguiu enganar muita gente, continua enganando e muitos votaram por que não
queriam votar no PT. Bolsonaro é um péssimo presidente. Qualquer cidadão, não
apenas o presidente, tem que ser uma pessoa com palavra, não seja destemperada
e que cumpra o que diz. Não se governa nem uma prefeitura sem a Câmara de
Vereadores. Governabilidade não é fazer conchaves é administrar junto, pensando
no povo. O presidente termina esse governo, mas será um fim melancólico, com um
governo muito ruim. Vamos ter que superar todas essas situações que ele
provoca, agredindo pessoas e a democracia e querendo dar um golpe. Está na hora
de se fazer um pacto por uma nova governabilidade pois esse que aí está não tem
condição.
Você concorda com os movimentos que vem
surgindo de defesa da democracia no Brasil?
A democracia é tudo, é a vida do país. O
cidadão que defende sistema autoritário nada está entendendo nada. A democracia
é fundamental. Por isso acho importante qualquer movimento em defesa da
democracia. Não cabe mais uma ditadura no Brasil.
Para
você como devem se comportar os trabalhadores brasileiros na atual conjuntura
política?
Os trabalhadores devem mudar seu comportamento.
Primeiro lutar por seus direitos, se organizar mais, participar mais da vida do
sindicato. E na hora do voto votar em quem é trabalhador, deixar de votar em
quem é do capital. É hora dos trabalhadores colocarem mão na consciência e
começar essa transformação, pois somos nós trabalhadores que levamos esse país
nas costas.
Você acha que a saída do Brasil é uma saída
rumo ao autoritarismo ou de preservar sua democracia?
Não cabe o autoritarismo. Louco quem cair nesse
jogo do bolsonarismo de irmos ao autoritarismo. Vamos e precisamos continuar na
democracia. Não podemos fazer o jogo do autoritarismo, mas da democracia.
Como você avalia o governo Camilo Santana?
Acho um ótimo governo. Um político simples, sem
arrogância e faz um trabalho decente. Estamos bem servidos no Ceará. Tem
problemas, claro, mas o que ele tem feito tem demonstrado dedicação com o povo
cearense.
E o governo Arnon Bezerra?
Gostaria que fosse diferente. Como cidadão acho
que administrar uma prefeitura não é fácil, é difícil. Ele deixou a Câmara dos Deputados
numa zona de conforto para administrar uma cidade do nosso porte, uma das
maiores do Ceará, será necessário uma pessoa, um prefeito com uma cabeça
diferenciada, inovando. É preciso ter parcerias com iniciativa privada,
instalar novas empresas na cidade, pois esperar apenas recursos locais não vai
dar certo. Os prefeitos de Juazeiro não olham para os setores produtivos. Nossa
crítica não é pessoal, mas como administrador o atual prefeito fica devendo, e
precisamos de um gestor bem melhor.
Você é pré-candidato a vereador. Como pretende
representar os trabalhadores na Câmara Municipal?
Sou pré-candidato, faço político por que gosto,
nosso partido é organizado e simples. Nossa ideia é continuar na Câmara de
Vereadores nossa luta que fazemos no sindicato representando os trabalhadores,
lutando pelos direitos das diversas categorias. Fiscalizar as ações do
executivo, e criar leis que beneficiem os trabalhadores de Juazeiro do Norte.
Iremos atuar em áreas como saúde, educação, cultura, cidadania e direitos das
pessoas pobres.
Você não acha que está na hora dos
trabalhadores de Juazeiro terem reais representantes no legislativo?
Todas aas categorias deveriam ter seus
representantes na Câmara Municipal. Nossa categoria, do setor de calçados é
grande, mas outras também tem importância e também não conseguem. Está na hora
de termos mais trabalhadores na Câmara de Juazeiro, do Crato, de outras cidades
e até na Assembleia Legislativa. Trabalhador que vota em gente rica ou
empresário acaba tendo seus direitos retirados.
Caso você seja eleito pela Rede quais serão
seus principais projetos e como será seu mandato?
Primeiro quero agradecer o pessoal da Rede
Sustentabilidade que nos convidou, o
Ronaldo Campos e os amigos da Rede, os filiados, tenho gratidão a essa turma.
Nossos projetos serão todos voltados para a classe trabalhadora, e nos
comprometemos a levantar as demandas dos trabalhadores, nas mais variadas
categorias e transformar essas reivindicações e necessidades do povo em
projetos na Câmara Municipal. Vamos ainda fazer uma fiscalização das ações do
executivo, para que os recursos sejam usados no bem da sociedade juazeirense.
Qual sua
mensagem para o povo de Juazeiro do Norte?
Minha mensagem para essa cidade linda que amamos e que aqui fico até o fim da minha vida, é que somos um povo inteligente e ordeiro. Vamos pensar bem nas eleições deste ano. Vamos escolher pessoas que realmente possam mudar a cidade. E aproveitar para dizer que os trabalhadores fiquem em casa, essa pandemia é grave e não é só uma gripe. Juazeiro é uma cidade de futuro e temos que ficar unidos para desenvolver nossa cidade. Estamos com nosso nome à disposição do povo.
Material publicado no jornal Leia sempre edição 14 desta sexta-feira, 10/07/2020.