02/07/2021

A honestidade do governo Bolsonaro não é a mesma que dizem seus seguidores

FOTO: Antonio Molina Bruno Rocha/Estadão Conteúdo 

Os escândalos no governo Jair Bolsonaro (sem partido) vem deixando o bolsonarismo e seus representantes sem discurso, confusos e numa verdadeira sinuca de bico. As propinas apontadas na compra de vacinas, os problemas com a PF e o ex-ministro Ricardo Salles, o orçamento paralelo de R$ 3 bilhões são alguns dos caminhos que apontam para uma ampla corrupção cometida por um governo que se elegeu com o (falso) discurso da moralidade e honestidade, e, mais ainda, de combate à corrupção. Sem falar nos filhos envolvidos em ilegalidades e investigados na Justiça.


E Bolsonaro não era mesmo tão honesto assim

Por Tarso Araújo

Editor do jornal e portal Leia Sempre

 


O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sempre aplicou para inglês ver e muitos brasileiros acreditaram o velho discurso da honestidade, de ser o tal salvador da pátria, nacionalista, defensor da família e do Brasil e de seus símbolos e da tradicional família brasileira.


O típico discurso reacionário que esconde a verdade de suas intenções. Eleito após uma campanha eleitoral em que prenderam o primeiro lugar nas pesquisas e baseada numa indústria poderosa e fulminante de fake news em redes sociais e grupos de whatsapp, Bolsonaro agora tem enormes dificuldades para sustentar seu discurso de honesto.

Essa dificuldade chega agora também em alguns aliados como a deputada federal Carla Zambelli que usou as redes sociais dizendo que se for provada a corrupção de Bolsonaro deixaria de apoiar ele e seu governo. Nos últimos tempos é só o que se acompanha em redes sociais ex-bolsonaristas e ex-eleitores de Bolsonaro abandonando o barco, todos se dizendo enganados e que não votarão mais nele.

A recente pesquisa feita pela Exame/Idea apontou que 34 por cento dos que votaram em Bolsonaro já não votam nele de forma alguma, demonstrando  que além de famosos, aliados,  agora, eleitores se afastam  de Bolsonaro.

O próprio Centrão aproveita a crise e a fatura parece ficar cada vez mais cara, já que o presidente teve que fazer o tal orçamento paralelo com bilhões a serem distribuídos via emendas parlamentares. Essas emendas beneficiaram diversos parlamentares, deputados e senadores, alguns inclusive que fazem parte da tropa de choque de Bolsonaro na CPI.

Mais ainda, os escândalos que está vindo à tona na CPI da Pandemia no Senado Federal apontam exatamente o envolvimento de políticos do centrão e do PP, partido de Artur Lira, o presidente da Câmara dos Deputados que vem se recusando a colocar em pauta o impeachment do presidente, mesmo com todos os pedidos e evidências.

Nos últimos dias a coisa ficou mais complicada pois foi feito o superpedido de impeachment de Bolsonaro em um documento assinado por vários partidos políticos, movimentos sociais e populares. Na realidade, a ideia desse superpedido foi o de colocar em apenas um documento uma série de crimes já cometidos por Bolsonaro em seu governo, o que já daria base jurídica ao seu impedimento.


Enquanto Bolsonaro não consegue mais governar, já que temos um País em uma espiral que mistura crise política, social, sanitária e humanitária, Bolsonaro apela para os ataques contra adversários, como sempre culpa os comunistas, Lula e o PT e ameaça com golpes.

A verdade é que agora Bolsonaro não é mais a sombra do político que foi. A sua popularidade vai saindo pelo ralo, a ampla maioria dos brasileiros não confiam na pessoa dele, na sua visão como gestor e reivindicam exatamente o contrário do que faz o presidente e seu ministro da economia.

Seu governo é o governo da retirada de direitos dos brasileiros e brasileiras. O povo está perdendo direitos trabalhistas, direito a ter emprego, o auxílio emergencial de R$ 150,00 só compra comida para 7 dias e vem por aí um tarifaço de energia por conta da crise energética e do processo de privatização da Eletrobras, que é uma vergonha nacional.

O Brasil talvez seja o único país do mundo que vende suas estatais lucrativas e poderosas por preço de banana para estatais e empresas estrangeiras, perdemos soberania nacional, indústria, energia, tecnologia e bilhões e mais bilhões com a desculpa estapafúrdia e cínica de que estatizar resolve os problemas das estatais.

Pelo contrário, a privatização das estatais brasileiras faz parte de um amplo processo de corrupção do patrimônio público nacional.

Se tem propina com vacinas, o contribuinte deveria olhar com mais cuidado para o que o governo atual está fazendo com estatais como Correios, Petrobrás, Eletrobrás e outras que estão na linha de tiro para se transformarem em empresas privadas e todo os bilhões que o povo brasileiro investiu ser dado de presente aos amigos do rei e de seu ministro da economia.

Se tem corrupção de bilhões em vacinas imagina com nossas lucrativas estatais. Se Bolsonaro vai cair ou não, não tem como dizer ou afirmar isso, mas que a cada dia que passa ele fica à frente de um governo podre, em um país sem governabilidade, com milhares morrendo diariamente. Uma hora a sociedade forma geral vai cobrar o preço e apontar dedos para os culpados.

Nessa hora, com certeza, não gostaria de estar na pele de Bolsonaro, seus aliados e seguidores.