Emerson Monteiro
Escritor e advogado
Por vezes, a gente quer o progresso nessa
história, sem fazer nada que signifique ao menos atitude na mesma direção.
Quer, e não quer, a um só tempo. Espera cair do céu de modo pronto. Assim
escondido debaixo das folhas secas do egoísmo, observando a hora de entrar em
cena e colher os frutos do que nem plantar plantou. Desumanas posições de
humanos em crescimento.
Tantos erros que vagueiam soltos pelas nuances
das ruas em que pessoas olham umas as outras numa distância regulamentar; se
veem quais objetos jogados nas calçadas; fugitivos à busca de orientação. Somos
nós esses atores circunstanciais das velhas cenas que os dias ressecaram e
trituram na máquina incessante do fluir das horas em movimento. Saber, sabemos
que não sabemos aonde ir. Mamulengos de nós próprios, cavamos buracos na
cordilheira do desconhecido e tocamos adiante, criadores de motivos que
desfazem o sólido no vento.
Mas, aguardar boa sorte, que também somos
desses, enquanto a jornada prossegue nas vidas afora. Há uma missão interna que
a realizar. Aprimorar a consciência. Descobrir a que viemos.
...
Enquanto que, lá fora, continuam gritos das
torcidas em favor de não sei o quê, de não sei onde. Os resultados servem de
justificativa de ninguém ficar parado pelos cantos escuros das noites que
passam desgrenhadas. Tem que gostar da vida e viver, esse o compromisso de nós
conosco. Gerar resultados de andar nesse chão. Conduzir o barco ao porto das
existências. Sofejar belas canções, amar, sorrir, sonhar, desfrutar dos laços
nos prazeres deste lugar.
Bem isso o tal de bem-estar da Civilização.
Controlar os pensamentos e usufruir as benesses dos sentimentos mágicos aonde
chegar até aqui, no tanger da carruagem de tantos dramas vividos e guardados na
memória de dores sofridas e acarretadas. Que exista, pois, melhores cenários a
tudo isto que ora vivemos com tanto gosto.