A Internacional Progressista realizou uma atividade online com dezenas de personalidades internacionais em defesa da liberdade de Julian Assange na manhã desta sexta-feira (02). O evento, nomeado The Belmarsh Tribunal, em referência ao presídio de Belmarsh, local onde o ativista está preso em Londres, também “julgou” e denunciou os crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos no século 21.
A reunião contou com a participação de artistas, pensadores e representantes políticos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o músico Roger Waters, o ex-presidente do Equador Rafael Correa, o filósofo Slavoj Žižek, a ativista Angela Richter, a artista M.I.A, entre outros.
O evento inspirou-se no Tribunal Russell-Sartre de 1966, quando representantes de 18 países se reuniram para responsabilizar os Estados Unidos por seus crimes de guerra no Vietnã, na ausência de uma autoridade internacional que ousasse fazê-lo.
Tariq Ali, intelectual, escritor e ativista paquistanês, que participou do Tribunal Russel, também esteve presente no ato online contra a extradição de Assange para os Estados Unidos.
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A mobilização internacional acontece após quatro semanas de audiências relacionadas ao caso no Tribunal Penal de Old Baley, em Londres. Nesta quinta-feira (1º), a justiça britânica informou que a decisão sobre o pedido de extradição de Julian Assange será divulgada apenas em 4 de janeiro de 2021. O ativista fundador do WikiLeaks permanecerá preso durante esse período.
O evento público abordou desde atrocidades cometidas pelos Estados Unidos no Iraque, reveladas por Assange, à tortura na Baía de Guantánamo, assim como o programa de vigilância ilegal da CIA.
“Assange deveria, neste momento, ser visto como um herói da democracia, um herói da liberdade, um herói da comunicação, como alguém que prestou um serviço à humanidade denunciando os crimes de guerra cometidos pelos EUA”, afirmou Lula.
Em setembro, o petista enviou uma carta ao jornal britânico The Guardian, alertando sobre os riscos da extradição do jornalista australiano e condenando a perseguição do governo estadunidense.
Uma testemunha ouvida recentemente afirmou que fontes de inteligência dos Estados Unidos e uma empresa de segurança privada discutiram a possibilidade de envenenar o ativista.
Em resposta ao relato, o político George Christensen, membro do Parlamento australiano, solicitou que o país apresente um protesto formal contra o tratamento que Assange tem recebido.
"As últimas revelações mostram que uma potência estrangeira tentou usar meios ilegais para prejudicar um cidadão australiano", disse Chirstensen ao The Guardian Australia.
Durante a última audiência, a defesa de Assange também demonstrou preocupação com sua saúde mental. Um psiquiatra que o acompanha na prisão do Reino Unido declarou ao tribunal que, caso o ativista seja extraditado e enviado para uma prisão de segurança máxima nos Estados Unidos, há um alto risco de suicídio.
(no site Brasil de Fato)