13/09/2020

Mesmo dando lucros milionários direção dos Correios se nega a negociar com trabalhadores


                                                         (Imagem: Esquerda Diário)

A greve nos Correios continua. A audiência de conciliação no TST (Tribunal Superior do Trabalho) realizada nesta sexta-feira (11) com representantes dos trabalhadores e da empresa não gerou nenhum avanço. Apesar de apelos dos membros do Judiciário e do Ministério Público do Trabalho, a diretoria da estatal não se dispôs a negociar nenhuma das demandas dos trabalhadores.

Com isso, foi marcada a data para o julgamento no TST sobre a legalidade da greve: dia 21 deste mês. "A audiência chegou ao fim sem apresentar avanço algum, já que a direção militar dos Correios demonstrou seu total desprezo com a categoria, sem aceitar qualquer apelo ou proposta por parte do TST e MPT (Ministério Público do Trabalho)", explica Douglas Melo, diretor da Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios).

De acordo com o sindicalista, apesar de registrar aumento no lucro mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, "a Diretoria dos Correios dá as costas para a sua principal base de sustentação: os trabalhadores".

Os números da empresa dão razão ao representante dos trabalhadores. No dia 21 de julho deste ano, a direção da empresa publicou seu balanço financeiro e comemorou o resultado superavitário em nota transmitida á imprensa:

"Os Correios apresentaram os demonstrativos contábeis do exercício de 2019. Em plena recuperação da empresa, a atual gestão segue deixando sua marca, com balanço financeiro registrando saldo lucrativo de R$ 102 milhões."

As boas notícias financeiras para a estatal não param por aí. Conforme explica o secretário geral da Fentect (Federação Nacionados Trabalhadores dos Correios), José Rivaldo da Silva, o faturamento da companhia aumentou 30% neste ano, durante a pandemia. "As entregas de produtos por correio e compras online tiveram aumento significativo neste ano por conta da quarentena sanitária. Só o que explica a intransigência da empresa é a vontade do governo de privatiza-la", resume o sindicalista. 

Assim, diante do resultado da audiência, "a Federação e sindicatos filiados orientam pela manutenção e fortalecimento da greve. Entendemos que o caminho para conquistarmos a manutenção de nossos direitos é a luta" afirma Douglas Melo, que conclui:

"A greve continua e precisa crescer com mais trabalhadores e setores parando e com todos participando dos atos, carreatas, distribuição de carta aberta e demais atividades convocadas pelo seu Sindicato".

José Rivaldo dá a mesma sinalização à categoria: "Os Correios não toparam nada! Como não toparam nada, estamos orientando os trabalhadores a continuar firme na greve. Vamos até o final" 

Em greve há 25 dias, trabalhadores dos Correios informam que a empresa em nenhum momento se dispôs a uma negociação efetiva. Antes da audiência desta sexta, já havia retirado 70 das 79 cláusulas do acordo coletivo. Também não fez qualquer proposta de reajuste salarial.

(no site Brasil de Fato)