Emerson Monteiro I Advogado e escritor
Qual tudo afinal que começa, um dia termina
enquanto existência. Só há de definitivo o senso, o sentido descoberto; assim
também nas tempestades que surgem em vezes vagas do tempo e invadem o
território do existir, sem nele permanecer para sempre além das durações
espontâneas. Ponteiros do relógio das ocorrências fortuitas, elas crescem no
seio do horizonte, nos dias e nos ares, e determinam a continuidade
transitória, impondo condições as mais desencontradas. Importa, porém, que
signifiquem a turma de absurdos a dosar os campos das borboletas, nos seus voos
extraordinários em volta do mesmo ponto. No foco daqueles furações mora o
domínio da paz, ali o refúgio das atividades inconstantes que ocasionam os
volteios do tempo lá de fora onde corre o comboio da agitação.
Isso trazido à história da gente quer
representar diversos instantes, as sensações variadas dos objetos que a massa
de ar revolve em febre. Nas ondas intermitentes das primeiras horas de dor,
advém o princípio nos avisos tantos que deixam entender a propulsão das crises
pessoais. O céu que ficara escuro alguns momentos e de repente fecham em forma
de chuva e vento, e fazem tremer as bases da segurança universal das criaturas.
Desmancham caminhos e entortam lâminas de aço, lampejam luzes em circuitos
afogueados rasgando o cenário, transmissão da energia dos espantos.
Já numa fase seguinte, aquilo que antes
demonstrara certeza, de instante a outro, vira meros fiapos no mar das
cogitações e dos desastres. Até avançar ao centro, aquele mundo particular de
tranquilidade que o coração do amor tão bem desempenhara o papel de ilha
benfazeja revolve as entranhas e parece comprimir a caixa dos ossos e carnes.
Uns firmam pés nesse território livre de consciência prática terrível, contudo
apenas alguns, porquanto a grande maioria papoca no desespero das funções e
larga o mastro central da nave principal, abandonando-se ao furor dos elementos
insanos, folha jogada fora.
Durante igual presente, outros sairão repostos
do estrago deixado pelos ventos doidos; uns, igualmente, sumirão na dança da
natureza e encontrarão a mãe liberdade no âmago da alma descoberta na dor das
tempestades, e tocarão o pomo da felicidade, miolo da essência, a menina linda
dos olhos da única Salvação .
Material publicado na edição desta sexta-feira, 28/8, do jornal Leia
Sempre.