Íris Tavares (Kariri)
Historiadora –
Escritora e Mestre em Políticas Públicas, feminista, ecossocialista, militante
dos direitos humanos e da agroecologia. Descendente dos povos Kariri da Chapada
do Araripe.
Uma sombração ronda o planeta - a sombração do
COVID19. As potências do mundo se movimentam para combater a “peste moderna”
que desafia a ciência e transforma a política num grande pandemônio. O fascismo
sem máscara mostra a sua face perversa ao promover o ódio, a intolerância, o
preconceito e a violência entre os mortais. Este é o cenário de guerra que
desaba sobre a sociedade brasileira e tantas outras que servem de combustível
ao sistema capitalista, máquina de moer gente a serviço da sociedade de
consumo.
Em meio a essa travessia uma pergunta
fundamental que não cala. Os progressistas e a esquerda se unirão para derrotar
o fascismo? Um alerta e um basta aos crimes de feminicídio, de homofobia, de
racismo, de exploração sexual de crianças e adolescentes. Nenhum direito a
menos. É necessário a garantia de políticas públicas voltadas para o
desenvolvimento humano, de sustentabilidade ambiental, de valorização e
preservação dos biomas, da equidade de gênero, da economia justa e solidária.
Orgulho-me das minhas origens camponesas, pelos
saberes que meus ancestrais despertam em mim, o suficiente para reconhecer os
malefícios de uma lagarta de fogo, porque a natureza é plena de causas e
efeitos. Os répteis desenvolveram suas defesas e habilidades certos de
compensarem as fragilidades de quem vive sobre seu próprio rastro, de várias espécies, tamanhos e cores e
sem cores.
Chego à conclusão de que o Brasil possui o
maior ninho de reptilianos do planeta terra. Será que estou a exagerar? Eles
estão no comando do poder central, não é uma lagarta transformada é um lagarto
da espécie homo-bolsonazis que avança
para establishment do caos. Tem sido
uma ameaça constante e não é silenciosa. É dita, soletrada lei por lei que
compõe esse desatino, nos assassinatos dos povos indígenas, dos quilombolas,
dos camponeses, pescadores e ribeirinhos. Em defesa da Amazônia legal e com
justiça ambiental. E a boiada passa. As ditas instituições forjadas no estado
democrático de direito, identificadas como guardiãs da democracia tem sido alvo
constante da horda reptiliana que deseja ardentemente atear fogo nessas estruturas.
Será que
estou a exagerar? Eles dizem: queremos o fim do STF e do Congresso Nacional,
porque nenhum poder deve ser maior do que o do presidente da república. Estou a
pensar e você? Será que alguém aí acalenta a ilusão de que as conversas
bilaterais, os acordos e acertos entre os poderes vai estancar essa avalanche
de mediocridade que se instala na sociedade e na política brasileira? Também é
inteligente reconhecer que os reptilianos se arrastam na pandemia seguindo uma
estratégia, dantes sequer imaginada pelo mais esperto estrategista progressista
e da esquerda. Durante a pandemia temos vivido um tempo de guerra, porque as
autoridades reptilianas assim a decretaram no país que sempre namorou com o
totalitarismo.
Na pandemia o Brasil é desmascarado e a alcunha
de “país da mentira” prevalece sobre as nossas cabeças. Mais insisto. A
estratégia dos reptilianos em curso é a mesma de sempre, não mudou nada. O
autoritarismo em nome dos vermes. O capítulo seguinte? A temporada para caça de
votos está aberta a partir das disputas locais, as eleições municipais. Alguém
dúvida? O maior pesadelo é imaginar que os progressistas e a esquerda possam
nessas disputas paroquiais, em nome da “governabilidade” e de alianças
pragmáticas dar mais poder para os reptilianos. Desespero total. O soberano dos
répteis aposta nisso para ter sua reeleição garantida e sendo assim o que foi
adiado em um mandato será cumprido no próximo.
Em absoluto reinará a ditadura. Será que estou a exagerar? Pergunto aos progressistas e a esquerda, quando resolverão suas dores intestinais, a dor de barriga constante que o narcisismo político promove. Haverá tempo para uma contra estratégia? Não há um sinal de fumaça vindo dessas fronteiras. Falo do cachimbo da paz que tão sabiamente as nações indígenas adotam em tempos de luta e batalha para defender a causa comum para o bem dos povos. Tanta sabedoria nas práticas e vivencias dos povos originários da terra brasil, e essa maldita arrogância de pensar a política como algo dos deuses, dos privilegiados, dos intelectuais, dos paroquiais, dos que encontram na política um meio de fazer dinheiro. Até quando?