31/08/2020

MANIFESTO: A paralisia dos progressistas e da esquerda.Por Íris Tavares


Íris Tavares (Kariri)

Historiadora – Escritora e Mestre em Políticas Públicas, feminista, ecossocialista, militante dos direitos humanos e da agroecologia. Descendente dos povos Kariri da Chapada do Araripe.           

 

Uma sombração ronda o planeta - a sombração do COVID19. As potências do mundo se movimentam para combater a “peste moderna” que desafia a ciência e transforma a política num grande pandemônio. O fascismo sem máscara mostra a sua face perversa ao promover o ódio, a intolerância, o preconceito e a violência entre os mortais. Este é o cenário de guerra que desaba sobre a sociedade brasileira e tantas outras que servem de combustível ao sistema capitalista, máquina de moer gente a serviço da sociedade de consumo.   

Em meio a essa travessia uma pergunta fundamental que não cala. Os progressistas e a esquerda se unirão para derrotar o fascismo? Um alerta e um basta aos crimes de feminicídio, de homofobia, de racismo, de exploração sexual de crianças e adolescentes. Nenhum direito a menos. É necessário a garantia de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento humano, de sustentabilidade ambiental, de valorização e preservação dos biomas, da equidade de gênero, da economia justa e solidária.

Orgulho-me das minhas origens camponesas, pelos saberes que meus ancestrais despertam em mim, o suficiente para reconhecer os malefícios de uma lagarta de fogo, porque a natureza é plena de causas e efeitos. Os répteis desenvolveram suas defesas e habilidades certos de compensarem as fragilidades de quem vive sobre seu próprio rastro, de várias espécies, tamanhos e cores e sem cores.

Chego à conclusão de que o Brasil possui o maior ninho de reptilianos do planeta terra. Será que estou a exagerar? Eles estão no comando do poder central, não é uma lagarta transformada é um lagarto da espécie homo-bolsonazis que avança para establishment do caos. Tem sido uma ameaça constante e não é silenciosa. É dita, soletrada lei por lei que compõe esse desatino, nos assassinatos dos povos indígenas, dos quilombolas, dos camponeses, pescadores e ribeirinhos. Em defesa da Amazônia legal e com justiça ambiental. E a boiada passa. As ditas instituições forjadas no estado democrático de direito, identificadas como guardiãs da democracia tem sido alvo constante da horda reptiliana que deseja ardentemente atear fogo nessas estruturas.

 Será que estou a exagerar? Eles dizem: queremos o fim do STF e do Congresso Nacional, porque nenhum poder deve ser maior do que o do presidente da república. Estou a pensar e você? Será que alguém aí acalenta a ilusão de que as conversas bilaterais, os acordos e acertos entre os poderes vai estancar essa avalanche de mediocridade que se instala na sociedade e na política brasileira? Também é inteligente reconhecer que os reptilianos se arrastam na pandemia seguindo uma estratégia, dantes sequer imaginada pelo mais esperto estrategista progressista e da esquerda. Durante a pandemia temos vivido um tempo de guerra, porque as autoridades reptilianas assim a decretaram no país que sempre namorou com o totalitarismo.

Na pandemia o Brasil é desmascarado e a alcunha de “país da mentira” prevalece sobre as nossas cabeças. Mais insisto. A estratégia dos reptilianos em curso é a mesma de sempre, não mudou nada. O autoritarismo em nome dos vermes. O capítulo seguinte? A temporada para caça de votos está aberta a partir das disputas locais, as eleições municipais. Alguém dúvida? O maior pesadelo é imaginar que os progressistas e a esquerda possam nessas disputas paroquiais, em nome da “governabilidade” e de alianças pragmáticas dar mais poder para os reptilianos. Desespero total. O soberano dos répteis aposta nisso para ter sua reeleição garantida e sendo assim o que foi adiado em um mandato será cumprido no próximo.

Em absoluto reinará a ditadura. Será que estou a exagerar? Pergunto aos progressistas e a esquerda, quando resolverão suas dores intestinais, a dor de barriga constante que o narcisismo político promove. Haverá tempo para uma contra estratégia? Não há um sinal de fumaça vindo dessas fronteiras. Falo do cachimbo da paz que tão sabiamente as nações indígenas adotam em tempos de luta e batalha para defender a causa comum para o bem dos povos. Tanta sabedoria nas práticas e vivencias dos povos originários da terra brasil, e essa maldita arrogância de pensar a política como algo dos deuses, dos privilegiados, dos intelectuais, dos paroquiais, dos que encontram na política um meio de fazer dinheiro. Até quando?