14/08/2020

Herança maldita de um Brasil com circo montado. Por Marcos Leonel

 

                                              (foto: Diário da Região)   

Marcos Leonel

Cidadão do Mundo

A pilantragem política de Bolsonaro tem feito escola na república medieval. Desde que foi ressuscitado dos porões do baixo clero, pelo nazifascismo das elites brasileiras e passou de figurante para protagonista, os referenciais maiores do que se tem de pior na índole da coisa pública foram postos na mesa, configurando a destruição do que resta do país. O método bolsolavista é um almanaque supremo de decadência moral e de falência múltipla da dignidade.

 

Trair e trair importa mais do que construir um caminho plausível de eleição sua e de seus comparsas apoiados pela estirpe totalitária, negacionista e entreguista do mandatário em curso. Sabotar e sabotar a própria gestão que faz parte, bem como o próprio povo ludibriado pela lábia dos canalhas, importa muito mais do que entrar para a história pela falsa porta estreita por onde passam os suspeitos. O ilusionismo de uma conduta ilibada, sem falcatruas e pronta para servir a Deus, acima de tudo, já não engana mais. Só mesmo as ovelhas mais imbecis continuam pastando entre as fezes.

 

Ele apoia discípulos que acreditam na força da violência, no armamento da população, na truculência facínora de parte das polícias, inclusive federal. Ele dissemina o ódio e cultiva a perseguição de oponentes ideológicos através da mentira e do falso testemunho. Nunca as redes sociais foram utilizadas de maneira tão vil e maquiavélica para destruir reputações e desconstruir a verdade. O primitivismo negacionista de sua ideologia fascista sepulta solenemente qualquer possibilidade mínima de desenvolvimento: sem ciência, sem pesquisa, sem educação pública, fica praticamente impossível pobre ser mais do que ser pobre.

 

Bolsonaro é o vaqueiro que está fazendo a boiada passar. Devastação do meio ambiente é o seu nome, seu sobrenome é o sucateamento das políticas públicas de combate às desigualdades sociais e de proteção da cidadania. Exterminar direitos do trabalhador é o seu passatempo favorito, bem como violar direitos humanos é sua obsessão mais sombria. Em sua gestão nunca a máfia de toga foi tão arrogante, tão prepotente e mais supremacista do que antes, nunca a face bandida da justiça tinha dado as caras com tamanha celebridade. As carteiradas vão desde a licença para matar e agredir a base da sociedade, como também humilhar qualquer um, tendo o abuso do poder como arma de destruição em massa.

 

Entre os maiores legados da era terraplanista está a transformação das forças armadas em tropas milicianas, com direito ao tráfico internacional de drogas em avião militar, nepotismo, desvio de armas e munições, facilitação de venda indiscriminada de armas sem rastreamento, distribuição de cargos para familiares, agregados, amantes e distantes, farras com o dinheiro público e uma super fabricação superfaturada de toneladas de cloroquina, que mesmo com toda a propaganda falaciosa oficial, não teve eficácia nenhuma para impedir a morte de mais de cem mil vítimas da covid-19. Além de transubstanciar Aras e Mendonça em sabujos descarados, Bolsonaro decretou a rachadinha como sendo meio lícito de enriquecimento ilícito. Mas o seu maior feito foi elevar a ignorância idiotizada em aparato bélico nacional, com direito a escolher a camisa da seleção azul ou amarelada dos sete a um.

 

Todo esse arcabouço original da política brasileira tem se diluído nas disputas eleitorais para prefeito e vereadores. Enquanto a esquerda patina em seu anacronismo latente, as forças fascistas começam a bater de porta em porta, numa tentativa desesperada de dar continuidade ao desvario coletivo do submundo. É possível identificar essa estirpe no Cariri. Aqui existem desde os elementos que sabotam as próprias gestões, traindo os próprios eleitores, ainda os que posam de honestos e protagonizam roteiros de traição nas redes sociais, e também os ungidos na patifaria das igrejas atacadistas. O circo já foi montado.

 

Material publicado na edição desta sexta-feira, 14, no jornal Leia Sempre