30/08/2020

E, o Matuto do Pé Rachado partiu... Por Ana Paula M. Martins

 


E, o Matuto do Pé Rachado partiu...

Pedro Bandeira Pereira de Caldas, o poeta, o cantador, o repentista, o cordelista, o radialista, o apresentador, o filósofo, o advogado, o político, o homem de bem... foi para outra dimensão. Partiu em uma segunda-feira, logo no início da tarde. Não esperou a Hora do Angelus e nem mesmo o recital do Ofício das Almas tão rezando pelos sertanejos. Foi apressado ao encontro de outros tantos poetas e poetisas. Foi alegrar o outro lado com sua voz firme, com seus versos belos e de uma poesia inigualável.

O Poeta Pedro Bandeira fará uma falta imensurável ao nosso Juazeiro do Padim Ciço. É como se um pedacinho do Juazeiro tivesse ido com ele. Nós devemos muito ao poeta. Ele levou o nosso município para os quatro cantos do país. Como poeta renomado que era vez inumeráveis versos exaltando nosso Juazeiro e o Cariri Cearense. Também nos representou no Legislativo Municipal. Merece muitas e todas as homenagens.

Lembro e lembrarei sempre do Pedro Bandeira, o poeta, o amigo. Sempre hospitaleiro. Recebia a todos na sua residência. A alegria era ímpar. Estive lá proseando com ele algumas vezes. A gente perdia a noção do tempo ao escutá-lo. Minha admiração por ele vem desde terna idade. Cresci ouvindo meus tios e minhas tias maternas, minha mãe, avós falando da sua maestria, do seu famoso auditório, das suas cantorias, das animações nas renovações do Sagrado Coração de Jesus e Maria pelos sítios...

Estive no auditório da Rua Da Conceição duas vezes a convite do Poeta Pedro Bandeira. Lugar lindo. De muito bom astral. De muitas histórias. Pedro mostrou e falou de tudo, de cada canto, de cada espaço daquele local mágico. Isto na primeira vez. Na segunda vez ele fez uma cantoria. Estavam lá ele e os irmãos também poetas João e Francisco, uma sobrinha e sobrinho (filhos de Cícera Bandeira) e alguns bons amigos. Fiquei até o fim... E, de repente percebi que estava tarde, quase 23h. Estava sem transporte. Tive que pedi uma carona ao Poeta. E, ele disse que seria uma satisfação. Levou-me pra casa e só saiu junto com seu motorista quando entrei. Saiu acenando. Fiquei tão “paba” (acho que ele ia gostar dessa expressão). 

Outro momento que ficou eternizado na minha memória foi uma apresentação que organizamos em parceria com o Centro Cultural do Cariri Banco do Nordeste do Brasil – CCCBNB, Universidade Regional do Cariri – URCA por meio do Curso de História e das acadêmicas: Janileide Bandeira, Lídia de Fátima Furtado Lima, Lucilene Gomes dos Santos (lá de Serrita), Luciana Barros e eu juntamente com a direção da Escola de Ensino Fundamental José Marrocos. Tivemos o lançamento de um cordel, intitulado Da Cidade Perdida ao Pio XII: o vivido, o lembrado e o esquecido feito pela Poetisa e professora Rosimar Araújo em parceria com os alunos dos 6º e 7º anos daquela escola. E, quem abrilhantou o evento foi o trio e poetas, netos de Manoel Galdino: Pedro, João e Francisco. E, tome poesia ali na pracinha do bairro Pio XII, pracinha da Capela de Nossa Senhora da Conceição.

Poeta sua obra é vasta. Ficará eternizada. Partiste para outra esfera, mas seu legado e bons exemplos são nosso consolo e esperança que o mundo ainda tem cor. Fica na paz dos justos. Que seu novo habitat seja de luz e muita poesia.

Da sua amiga e admiradora,


Ana Paula Monteiro Martins