25/08/2020

Câmara de Juazeiro do Norte encaminha denúncia contra Glêdson Bezerra ao MP e TCE


A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara de Juazeiro do Norte emitiu parecer reconhecendo cometimento de crimes contra o erário público na inauguração da primeira etapa da nova sede do Poder Legislativo. O parecer, emitido no dia 9 de agosto, avaliou a legalidade da primeira etapa, sem que a obra estivesse concluída. A inauguração, em dezembro de 2018, custou R$ 50 mil e o evento aconteceu dias antes do então presidente, Glêdson Bezerra (Podemos), deixar o cargo. Glêdson foi o idealizador do projeto e, na época, chegou a dizer que a inauguração seria uma questão de justiça. 

A decisão da Comissão, formada pelos vereadores Tarso Magno (presidente), Nivaldo Cabral (relator) e Preto Macedo (secretário), acabou motivando mais uma polêmica entre os parlamentares, que discutiram o assunto no plenário da Câmara e na imprensa. O parecer foi encaminhado ao Ministério Público do Estado e ao Tribunal de Contas do Estado. 

Na sessão do dia 20, Glêdson se disse surpreso com a volta da discussão. “Nunca pensei que um assunto desse fosse render tanto. Mas, fiz questão de deixar muito claro que não vou ficar perdendo meu tempo, nem entrando em jogo. Eu considero que isso é jogo político”, disse Glêdson à rádio Plus FM. O ex-presidente disse estar à disposição para ir a qualquer órgão de fiscalização e que foi coautor do requerimento que pediu a investigação. “Minhas contas sempre foram extremamente abertas. Espero que, pelo menos, uma investigação contra a administração passe”, desabafou.

Glêdson se referiu aos requerimentos rejeitados pela maioria dos vereadores, nos quais pedia auditoria nos contratos da Imegi (Instituto Médico de Gestão Integrada) e da Aceni (Associação dos Excepcionais de Nova Iguaçú). “A Câmara precisa investigar isso e o Ministério Público precisa investigar isso. [...] A Câmara custa por mês R$ 1,3 milhão e não dá pra deixar de cumprir com o seu dever”, disse. 

As afirmações desencadearam respostas dos vereadores Darlan Lobo (PTB) e Capitão Vieira Neto (PTB), presidente e vice da Câmara. Darlan questionou a surpresa de Glêdson, segundo ele, por se tratar de uma prerrogativa da comissão. Ao radialista Francisco Fabiano, da rádio Tempo FM, Darlan disse que fez a solicitação no plenário e encaminhou os documentos necessários. “Desde quando foi inaugurada a Câmara, alguns vereadores não foram porque não concordavam com aquilo [...] e muitas pessoas saiam de lá e, naquela época, já diziam: quem comeu, quem bebeu. Alguém vai vomitar aquele dinheiro, que aquilo não existe”, disse Darlan.

Sobre os requerimentos, Darlan lembrou que em todo Parlamento existe bancada de situação e de oposição. “Temos que lembrar que até as eleições de deputado, ele (Glêdson) era situação do prefeito 100%, como foi do Raimundão quatro anos”. Capitão Vieira ressaltou que os requerimentos que vêm ao plenário são apenas para fazer a divulgação das ações dos parlamentares e que todos, independentes de aprovados ou não, são encaminhados ao Ministério Público, ou pela Câmara ou pelo gabinete do vereador. Sobre a denúncia, Vieira avalia que “houve duas inaugurações. Uma está errada”. 

Segundo Darlan, o que houve foi uma inauguração sem que a obra estivesse concluída, o que seria vedado por lei. Além da inauguração, Darlan cita o processo licitatório vencido nas duas fazes pela empresa Werton Engenharia e Arquitetura Ltda, deixando claro que pode ser a próxima investigação contra Glêdson. O atual presidente lembrou que a comissão foi criada em 2013, a partir da aprovação de um Projeto de Lei do próprio vereador Glêdson, com sua coautoria, após o “escândalo das vassouras”, que culminou na cassação do vereador Antônio de Lunga, então presidente da Casa.

(no Jornal do Cariri)