14/08/2020

A base aliada de Camilo no Cariri marcha dividida em vários municípios

 


Não se pode imputar a um deputado ou outro mais próximo do governador Camilo Santana(PT), ou esse ou daquele partido político, a dificuldade em unir a chamada “base aliada” do governador nas eleições municipais deste ano. Com o andar da carruagem o que se observa em muitos municípios caririenses é que partidos e lideranças políticas mesmo unidas em torno do Governo Camilo estão em palanques opostos em suas cidades.

Pela própria composição extremamente plural e heterodoxa do governo Camilo Santana fica bem difícil unir nas cidades do Cariri, por exemplo, isso sem falar na própria capital e Região Metropolitana de Fortaleza, partidos políticos aliados de Camilo. No interior, a realidade é bem diferente e os partidos tem caminhos bem opostos.

Basta começar pelo exemplo de Juazeiro do Norte. Quase todos os partidos com pré-candidatos a prefeito fazem parte da base aliada. E há, ainda, muita dificuldade em unir o PSB de Ana Paula Cruz com o PTB de Arnon Bezerra. Ainda em Juazeiro do Norte, temos o PSD de Geovani Sampaio com duras críticas a atual gestão, e o PC do B querendo montar uma frente ampla progressista contra o PTB. Ao mesmo tempo, Arnon Bezerra conta com a simpatia do governador Camilo e dos Ferreira Gomes, que conduzem o PDT no Ceará. Gilmar Bender corre por fora e tenta se viabilizar e unir a oposição em seu entorno.

Outro fator é o MDB de Eunício Oliveira. O MDB está fechado com José Ailton Brasil (PT) no Crato. Mas em Barbalha, os emedebistas estão no governo e querem inclusive um lugar na chapa do prefeito Argemiro Sampaio (PSDB) ardoroso adversário de Camilo e do PT. Em Juazeiro do Norte, o MDB ainda não se posicionou no quadro político, mas já surgiram especulações de unidade do MDB com Gilmar Bender ou Arnon Bezerra.

Em Barbalha, o quadro se complica com duas pré-candidaturas a prefeito pela oposição. Guilherme Saraiva(PDT) e Expedito Júnior(Cidadania) são os nomes da oposição que pode marchar desunida contra o PSDB na terra dos verdes canaviais. Expedito Júnior afirma que irá propor ao governador Camilo uma pesquisa para decidir quem são os nomes da oposição na disputa.

Um partido que vem ganhando força no Ceará e no Cariri é o PSD. O partido pode ter mais de 110 candidatos a prefeito ou vice-prefeito nas eleições deste ano, e em alguns lugares está bem forte. No Crato, tem o nome do empresário e médico Zé Adega, que se uniu ao PSDB, PROS e PTC num ensaio de unidade das oposições. Mesmo sendo da base o PSD não quer nem saber e fecha com tucanos e o bolsonarismo.

Em Jati, por exemplo, o PSD está nas mãos de uma pré-candidata que apoiou Bolsonaro nas eleições passadas. Mônica Mariano tem o apoio do PDT de Neta Diniz. E uma confusão grande em Brejo Santo, onde o PT e PDT não se entendem e vão marchar em candidaturas diferentes. Em Brejo Santo, Guilherme Landim terá a árdua missão de reeleger a atual prefeita Tereza Landim(PDT), que não está bem avaliada na atual gestão.

Nesse quadro pulverizado, amplo e repleto de lances e jogos nos bastidores fica quase impossível unir a base aliada do governo Camilo. Em algumas cidades o governador pode até ter a sua preferência, o que será normal, mas muitas vezes quem vencer pode estar no palanque do mesmo jeito, pois é aliado.

Material publicado na edição desta sexta-feira, 14, no jornal Leia Sempre