Na parte de “notícias”, os destaques chamam a atenção para os casos de recuperação. Antes, havia sido anunciado que o ministério não iria mais informar o total de casos e óbitos decorrentes da covid-19 do país, nem os números segmentados por estado, como eram informados anteriormente.
Mais cedo, em entrevista à jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, o secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, havia justificado a mudança alegando que os dados atuais são “fantasiosos ou manipulados”.
“Tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos”, afirmou.
O Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) repudiou “com veemência e indignação” as “levianas afirmações” de Carlos Wizard. “Ao afirmar que Secretários de Saúde falseiam dados sobre óbitos decorrentes da Covid-19 em busca de mais ‘orçamento’, o secretário, além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias”, diz a nota.
Universidade referência em dados da covid-19 passa a desconsiderar o Brasil
Outro efeito da mudança promovida pelo governo Bolsonaro foi a exclusão do Brasil na contagem realizada pela Universidade Johns Hopkins, que elabora o balanço global dos casos de covid-19 no planeta. A instituição é considerada referência no acompanhamento da doença.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes também reagiu à iniciativa do governo. “A manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários. Tenta-se ocultar os números da #COVID19 para reduzir o controle social das políticas de saúde. O truque não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio. #CensuraNao #DitaduraNuncaMais.”
“O Brasil é, agora, o único país sem dados apurados pela Universidade Johns Hopkins, referência global da covid-19. Censurar dados é prática comum de governos autoritários. É papel da sociedade civil organizada e instituições dar resposta à altura no combate ao obscurantismo”, afirmou em seu perfil no Twitter a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS).
(na Rede Brasil Atual)