(foto: Hora do Povo)
Emerson Monteiro
Advogado e escritor
Esta história a escutei de um professor, que
por sua vez havia lido num livro de contos que, segundo consta, seria
acontecimento da vida real e ocorrera nas terras do Antigo Egito. Um faraó
promulgara leis rigorosas a fim de conduzir o seu reinado, das quais nunca
abria mão sob qualquer hipótese; que fossem aplicadas fielmente longe de
favoritismos ou lisonjas. Tristes daqueles que fossem colhidos nas malhas
previstas aos delitos, e tudo transcorria ao sabor das tais exigências daquele
faraó que governava com determinação.
No transcorrer dos acontecimentos da história,
lá um dia quem fora flagrado num daqueles crimes que mereceriam punição
exemplar: o príncipe herdeiro do trono, uma figura por demais proeminente da
família real.Sem maiores intervenções do poder do genitor, seu primogênito
deparava-se face a face com o tribunal maior do império, sendo tratado aos
moldes dos demais cidadãos. Nisso, peremptoriamente, ver-se-ia enquadrado nos
códigos prescritos e condenado, sem qualquer alternativa contrária senão ao
cumprimento das penalidades previstas.
Ao erro praticado coube a letra fria da lei, e
dois olhos teriam de ser cegados no exercício da pena a ser praticada pelo rei
exercer no exercício da função.Toda a corte reunida em volta do soberano
assistia comovida ao pronunciamento taxativo do pai infeliz:
- Sim, sem sombra de dúvidas, amanhã, no claro
do dia, dois olhos serão cegados; um do princípio culpado e o outro um dos meus
olhos.
Dia seguinte, de tal jeito aconteceu diante da
multidão silenciosa reunida na praça pública a fim de presenciar o espetáculo
dantesco, quando o nobre soberano e seu herdeiro submeter-se-iam à horrenda
sentença, com isso preservando o respeito dos súditos e coerência em respeito à
Lei que deve ser justa a todos.