28/06/2020

Por Luis Carlos Saraíva: Carta aberta pela proteção e preservação da Floresta Nacional do Araripe

Criada em 02 de maio de 1946, por decreto-lei assinado por Eurico Gaspar Dutra, se tornando a primeira floresta nacional do Brasil, a mesma está longe de ter o cuidado e a proteção que outras tem pelo Brasil afora.

Começo essa carta, logo apontando que boa parte das mazelas do país é causada pela falta de investimentos na educação e no cuidado com a preservação ambiental. Acredito que só a educação pode mudar o nosso país e o mundo. Pelo fato de, junto com servidores da Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico Sustentável ter desenvolvido o projeto “Domingo nas Trilhas”, pude observar de perto essa situação.

Mesmo estando desligado da secretaria, desde fevereiro, várias pessoas me procuram, principalmente através das redes sociais, para falar da falta de proteção e preservação da nossa Floresta.

Ora o escritório do ICMBio em Crato, e aqui não quero diminuir a responsabilidade dos demais municípios (estados), detentores em seus limites de partes da Floresta, tem feito o possível e impossível para proteger a floresta, mas faltam recursos, estrutura, tecnologia, e ações em conjuntos nessa guerra injusta, que tem no homem o mais irracional dos animais. Sem desmerecer outros, deixo aqui o meu reconhecimento pela dedicação, zelo e abdicação de seus afazeres particulares para se dedicar na proteção da floresta, a dois servidores que tive o convívio mais estreito em razão do projeto: Verônica Maria e Pedro Augusto.

Já tinha um respeito grande pela floresta, mas, com o convívio semanal pelas trilhas, passei a ter uma ligação com a floresta muito mais forte. É algo místico, espiritual, que nos chama para conhecer cada canto e cada caminho.

Mas falta maior conexão entre a união, estados, e municípios, principalmente, com as entidades do terceiro setor que poderiam executar boa parte dessa tarefa, como as associações de guias e condutores, as instituições não governamentais de proteção ao meio ambiente, e a iniciativa privada.

Umas das instituições que tem feito a diferença quando presente na floresta é a Polícia Ambiental, porém, passa boa parte do fim de semana atendendo chamados relacionados com outros crimes no Cariri, principalmente, poluição sonora, onde além da ocorrência, tem que permanecer a viatura com toda sua guarnição até a finalização do procedimento na polícia civil, onde poderia essa fiscalização ser exercida por outros órgãos, inclusive, municipais. Aliás, é justamente no final de semana que a floresta é mais agredida. É muito importante e urgente a estruturação do BPMA por ser explícita a vontade, o esforço dos PMs na proteção ambiental o que deve ser valorizado pela sociedade.

Quando secretário, ainda consegui marcar reunião na Procuradoria da República através do Procurador Rafael Rayol que sempre teve muita atenção aos problemas da “Chapada do Araripe”, reunindo polícia ambiental, ICMBio e outras instituições num encontro dos mais positivos.

Não posso esquecer a honrosa guarda municipal metropolitana do Crato e o GEOPARK Araripe. A guarda foi responsável pela segurança das trilhas em decorrer de todo o projeto e, mesmo depois, procura estar. E o Geopark, parceiro de todas as horas. Quero registrar, também, o apoio que a secretaria de meio ambiente e desenvolvimento Territorial do Crato garante à proteção do meio Ambiente.

A Prefeitura de Juazeiro, principalmente, através da secretaria de turismo, foi uma grande parceira nesse projeto, e aproveito aqui, para frisar, que o Cariri é umas das regiões com o maior potencial de crescimento do Brasil, mas as ações têm que ser todas tratadas de forma regionalizada.

A Floresta Nacional do Araripe é responsável diretamente pelo nosso ecossistema, sendo que sua proteção e preservação é um compromisso com a própria vida. Além disso, sua beleza e exuberância podem implementar, dependendo das políticas públicas, mas de 15% de aumento do PIB da região do Cariri com o turismo. Chegou a hora de todos os envolvidos e interessados na sua preservação sentarem e buscarem ações que garantam a sua proteção. A nossa palavra de ordem aqui é: UNIÃO!!!

E assim encaminharemos essa carta a todas as autoridades constituídas do Ceará, em todas as esferas na busca de socorro para a nossa “chapada”

“Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da Criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-la a amar seu semelhante.” - Albert Schweitzer


Crato – CE, 23 de junho de 2020.



LUIS CARLOS DUARTE SOBREIRA SARAIVA

(publicado no A Voz do Cariri)