08/06/2020

Manifestações e frente ampla impedem Bolsonaro de avançar com projeto golpista

 (imagem: Euzilvaldo Queiroz)

As manifestações deste domingo, 7, em várias grandes cidades brasileiras é apenas um dos detalhes da atual conjuntura política que demonstra que cresce o repúdio à Bolsonaro e seu governo.

 Mas não é só isso. Se a gente ampliar nosso olhar vários segmentos sociais se articulam em redes sociais e preparam para um futuro breve ações mais públicas, na vida real, no palco das ruas e avenidas, e  isso tende a precarizar ainda mais a força política do presidente da República.

Bolsonaro pode ameaçar a sociedade o tempo inteiro  e todo o tempo, mas perde força entre parlamentares, políticos, partidos, segmentos religiosos, da mídia corporativa, e já sangra entre o grande empresariado brasileiro.

O que falta para ele ser afastado ou sofrer impedimento é a tradicional direita brasileira e a elite nacional encontrar um ou dois nomes fortes alternativos e aí Bolsonaro vai par ao espaço.

 Estão surgindo algumas frentes nesse cenário. Uma delas organizada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que quer um programa amplo com personalidades amplas. Já paquera com Flávio Dino, Alessandro Molon e até o governador cearense Camilo Santana.

Há outras frentes, que tem em comum a defesa da democracia e o fim do governo Bolsonaro, mas, há aí muitas diferenças ideológicas. A frente ampla começa a pegar corpo e será um obstáculo para  o bolsonarismo em diversos aspectos da disputa política. 

Neste domingo a resistência dita popular foi a vitoriosa, pois ocupou ruas e avenidas de forma ordeira e número significativo.

Só foi  destaque nas ruas,  além das manifestações a ferocidade das polícias que saem desse domingo e do episódio como guarda pretoriana do bolsonarismo.

Isso está pegando mal para a polícia militar. Mas muitos analistas já acreditam que o “pensamento” bolsonarista é forte dentro dos quartéis e entre os policiais militares brasileiros.

 O problema de Bolsonaro é que com essas movimentações da sociedade, de panelaços, manifestações em ruas, e nas manifestações de integrantes do Congresso Nacional, do STF e diversas lideranças políticas da direita à esquerda, fica mais difícil uma virada de mesa.

Bolsonaro quer que a tutela militar se amplie e no futuro poder dar um auto-golpe. Mas isso ainda esbarra em muitos muros que a sociedade brasileira levanta.

por Tarso Araújo, editor do Leia Sempre.