O coronavírus
está desmantelando o que sobrou - alguns jornais informam que os anúncios
caíram entre 50% e 90% em abril. Entre 2008 e 2019, o número de empregados nos
jornais impressos nos EUA caiu para menos da metade, de 70 mil para um número
abaixo de 35 mil.
A pandemia agravou
o cenário e expôs a crescente divisão entre o punhado de veículos com mais de 1
milhão de assinantes cada e o resto, que vem lutando para pagar as contas. No
primeiro trimestre de 2020, o “The New York Times” conseguiu 587 mil novas
assinaturas digitais - mais do que todos os 100 jornais controlados pela
Gannett, a maior editora tipográfica dos EUA, e mais que o número de leitores
por assinaturas pagas do “Los Angeles Times” e do “The Boston Globe”
juntos.
O perigo é uma
divisão noticiosa entre um público pagante de elite, que é bem-servido, mas
pequeno, e um público mais amplo, que depende dos provedores de conteúdo que
tentam monetizar o tráfego de internet, mas poderão ter dificuldades em
transmitir notícias locais em profundidade. “O jogo de tráfego [alto], [que
depende de] um dólar de publicidade comoditizado funcionou em algumas
circunstâncias, mas não de maneira durável, e não respaldou o tipo de trabalho
que os melhores jornalistas querem fazer”, diz John Harris, um dos fundadores
da “Politico”.
Rasmus Kleis
Nielsen, do Instituto Reuters, acrescenta que a maioria das publicações
dependentes de assinaturas vai se concentrar, primordialmente, em uma área de
nicho, “custeada por um público altamente motivado, muitas vezes bastante
alinhado politicamente e geralmente bastante privilegiado”.