Professor Fábio Queiroz
Em 1985, os servidores
públicos municipais de Juazeiro do Norte realizaram a sua primeira greve, com
amplo protagonismo do magistério. Há 35 anos, o Brasil transitava da ditadura
para democracia representativa. Logo, era um momento politicamente muito simbólico.
O movimento começou depois
de 10 de abril e se prolongou por 23 dias, estendendo-se até a primeira semana
do mês de maio, com um detalhe curioso: a categoria ainda não havia criado o
seu sindicato (fato que só ocorreria 3 anos depois) e todas as ações eram
coordenadas pelo comando de greve, escolhido em assembleia.
A praça do então Ginásio
Municipal se tornou o palco de um sem número de assembleias grevistas, mas no
primeiro de maio, dia Internacional da classe trabalhadora, reuniu, além do
funcionalismo, dezenas de representantes de outras categorias de trabalhadores.
Não me lembro, antes ou depois, de um 1° de maio, no Juazeiro, cuja
manifestação tenha ocorrido na Praça Juvêncio Santana (o nome oficial da
praça). Em 1985, a convergência da data com a necessidade de prestar
solidariedade ao movimento grevista, contribuiu para esse improvável desenlace.
A paralisação, que mobilizou, sobretudo,
professoras e professores, não conquistou as reivindicações pleiteadas, mas
formou um geração que, tempos depois, criou o sindicato e organizou algumas das
principais lutas da categoria, tornando-se uma referência regional.
35 anos depois, a memória histórica guarda
esse momento de um dia dos trabalhadores muito especial no Cariri. Espero que
essa lembrança ajude a reforçar a consciência de classe nesses dias tão
difíceis de 2020.
Por Fábio José de Queiroz
Professor da Urca e ex-diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Juazeiro do Norte(SISEMJUN)