01/05/2020

Um primeiro de maio, no Juazeiro, há 35 anos


Professor Fábio Queiroz



Em 1985, os servidores públicos municipais de Juazeiro do Norte realizaram a sua primeira greve, com amplo protagonismo do magistério. Há 35 anos, o Brasil transitava da ditadura para democracia representativa. Logo, era um momento politicamente muito simbólico.

O movimento começou depois de 10 de abril e se prolongou por 23 dias, estendendo-se até a primeira semana do mês de maio, com um detalhe curioso: a categoria ainda não havia criado o seu sindicato (fato que só ocorreria 3 anos depois) e todas as ações eram coordenadas pelo comando de greve, escolhido em assembleia.

A praça do então Ginásio Municipal se tornou o palco de um sem número de assembleias grevistas, mas no primeiro de maio, dia Internacional da classe trabalhadora, reuniu, além do funcionalismo, dezenas de representantes de outras categorias de trabalhadores. Não me lembro, antes ou depois, de um 1° de maio, no Juazeiro, cuja manifestação tenha ocorrido na Praça Juvêncio Santana (o nome oficial da praça). Em 1985, a convergência da data com a necessidade de prestar solidariedade ao movimento grevista, contribuiu para esse improvável desenlace.

 A paralisação, que mobilizou, sobretudo, professoras e professores, não conquistou as reivindicações pleiteadas, mas formou um geração que, tempos depois, criou o sindicato e organizou algumas das principais lutas da categoria, tornando-se uma referência regional.
 35 anos depois, a memória histórica guarda esse momento de um dia dos trabalhadores muito especial no Cariri. Espero que essa lembrança ajude a reforçar a consciência de classe nesses dias tão difíceis de 2020.

Por Fábio José de Queiroz

Professor da Urca e ex-diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Juazeiro do Norte(SISEMJUN)