Na última sexta-feira, Moro deixou o cargo de superministro da Justiça e da Segurança Pública. Na ocasião, fez graves acusações contra o presidente Bolsonaro por querer interferir nas investigações da Polícia Federal, exonerando o diretor geral da corporação, Maurício Valeixo, à revelia de seu então ministro. Bolsonaro rebateu em um longo pronunciamento feito no mesmo dia, no qual acusava Moro de mentir e negava intenção de interferir na PF. Ambos protagonizaram uma guerra política em meio à crise sanitária mais grave do século que atingiu suas imagens públicas. Em meio a esse cabo de guerra ―segundo indica a pesquisa do Atlas Político feita com 2.000 pessoas entre os dias 24 e 26 de abril―a imagem do presidente saiu ferida. A pesquisa, que tem uma margem de erro de dois pontos percentuais, mostra que 68% dos entrevistados discordam da demissão de Valeixo por Bolsonaro enquanto 72% concordam com as críticas feitas por Moro ao presidente, como a alegação de tentativa de interferir politicamente em investigações da PF.
“Há uma queda sem precedentes da imagem positiva que o presidente tinha na nossa série histórica. Isso se reflete em várias perguntas relacionadas, como a pergunta sobre o impeachment. Pela primeira vez, a gente observa uma maioria a favor num momento em que se começa a discutir mais sobre isso, o que pode criar uma pressão popular sobre o Congresso”, afirma o cientista político Andrei Roman, criador do Atlas Político.
(no El País)