09/02/2020

Servidores na luta por reajuste salarial

Os professores da rede pública de ensino de Fortaleza conseguiram um reajuste salarial de 12,84% na última quinta-feira (6). No mesmo dia, o governador do Estado do Ceará, Camilo Santana (PT), abriu as portas do Palácio da Abolição para receber líderes de representantes dos profissionais de segurança pública que ameaçavam paralisação. O diálogo avançou, e nesta segunda-feira (9) haverá uma nova rodada de negociações em uma comissão na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará com possibilidade de mudança nos percentuais de reajuste salarial apresentados pelo Governo.
A professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará, Monalisa Torres, explica que, em ano eleitoral, como 2020, há uma maior sensibilidade por parte do Poder Público para a negociação das pautas demandadas por entidades representativas.
Nenhuma dessas duas categorias, de professores e policiais, conseguiu, por exemplo, a mesma mobilização vista no ano passado, nem uma narrativa tão forte diante do Executivo. A pressão que ganha força ocorre a poucos meses da eleição municipal.
É que "quanto mais o candidato puder mostrar que prestou serviço para a comunidade, melhor avaliado ele será, e maior capital político ele poderá acumular", analisa Monalisa Torres.
Para a pesquisadora, "é frequente que em anos eleitorais essas categorias conseguem exercer uma pressão maior" justamente pela administração da imagem pública que essas lideranças terão ao enfrentar essas pautas.
Segundo a professora, o esforço pela manutenção ou fortalecimento do capital político de uma determinada liderança vai exigir desse prefeito ou do governador, por exemplo, uma capacidade maior para responder às demandas, já que a imagem dos líderes acaba sendo mais exposta à população nessa época. A presença dos professores na Câmara Municipal de Fortaleza e dos policiais na Assembleia Legislativa é exemplo dessa exposição.