EDITORIAL LEIA SEMPRE
O SUPERPEDIDO DE IMPEACHMENT DE BOLSONARO E O DESESPERO DOS ALIADOS DO GOVERNO
A semana que vem terminando tem sido mais clara
do que nunca de que Jair Bolsonaro e o bolsonarismo perderam a capacidade de
sustentar seu discurso político de honestidade. Nos últimos dias e com o
aparecimento de uma série de denúncias (que devem ser investigados é claro) de
propina para compra de vacinas pelo governo brasileiro.
Os escândalos vêm se ampliando no atual governo
e ampliam a crise do governo e do próprio Presidente da República tardio em
explicar os acontecimentos. Mais ainda a dificuldade de alguns aliados em
sustentar aquele discurso de honestidade que foi sempre o discurso-padrão
bolsonarista que agora começa a se esvair pelos ralos.
Para complicar mais ainda foi protocolado na
última quarta-feira, 30, um superpedido de impeachment de Bolsonaro elencando
uma série de crimes e ilegalidades
cometidos por Bolsonaro e já de conhecimento público.
Exaltar tortura, ditaduras e golpes, além do
discurso misógino e homofóbico não escandalizam mais a população brasileira.
Mas está ficando cada vez mais evidente que depois de apontar o dedo para Lula,
as esquerdas, o próprio Centrão, e para diversos setores da sociedade e se
achando acima de qualquer suspeita, Bolsonaro, seu governo, seus aliados e
apoiadores em redes sociais perderam a capacidade de apontar o dedo seja para
quem for.
Abaixo a relação de algumas denúncias que figuram no pedido de impeachment de Bolsonaro, que unifica mais de 120 pedidos já feitos e colocados para dormir pelo presidente da Câmara dos Deputados, o aliado de Bolsonaro, deputado Artur Lira.
1 - Crime contra a existência política da
União. Ato: fomento ao conflito com outras nações;
2 - Hostilidade contra nação estrangeira. Ato:
declarações xenofóbicas a médicos de Cuba;
3 - Crime contra o livre exercício dos Poderes.
Ato: ameaças ao Congresso e STF, e interferência na PF;
4 - Tentar dissolver ou impedir o funcionamento do
Congresso. Ato: declarações do presidente e participação em manifestações
antidemocráticas;
5 - Ameaça contra algum representante da nação para
coagi-lo. Ato: disse de que teria que "sair na porrada" com senador
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), membro da CPI da Covid;
6 - Opor-se ao livre exercício do Poder Judiciário.
Ato: interferência na PF;
7- Ameaça para constranger juiz. Ato: ataques ao Supremo;
8 - Crime contra o livre exercício dos direitos
políticos, individuais e sociais. Ato: omissões e erros no combate à
pandemia;
9 - Usar autoridades sob sua subordinação imediata
para praticar abuso do poder. Ato: trocas nas Forças Armadas e interferência na
PF;
10 - Subverter ou tentar subverter a ordem política
e social. Ato: ameaça a instituições;
11 - Incitar militares à desobediência à lei ou
infração à disciplina. Ato: ir a manifestação a favor da intervenção
militar;
12 - Provocar animosidade nas classes armadas. Ato:
aliados incitaram motim no caso do policial morto por outros policiais em
Salvador;
13 - Violar direitos sociais assegurados na
Constituição. Ato: omissões e erros no combate à pandemia;
14 - Crime contra a segurança interna do país. Ato:
omissões e erros no combate à pandemia;
15 - Decretar o estado de sítio não havendo comoção
interna grave. Ato: comparou as medidas de governadores com um estado de sítio;
16 - Permitir a infração de lei federal de ordem
pública. Ato: promover revolta contra o isolamento social na pandemia;
17 - Crime contra a probidade na administração.
Ato: gestão da pandemia e ataques ao processo eleitoral;
18 - Expedir ordens de forma contrária à
Constituição. Ato: trocas nas Forças Armadas;
19 - Proceder de modo incompatível com o decoro do
cargo. Ato: mentiras para obter vantagem política;
20 - Crime de apologia à tortura;
21 - Negligenciar a conservação do patrimônio
nacional. Ato: gestão financeira na pandemia e atrasos no atendimento das
demandas dos estados e municípios na crise de saúde;
22 - Crime contra o cumprimento das decisões
judiciais. Ato: não criar um plano de proteção a indígenas na pandemia.